Quando o cineasta Luciano Blotta estava saindo de um estúdio de gravação em uma região rural da Jamaica, fora do circuito turístico, ele viu algo extremamente incomum: um homem com um instrumento. Ainda mais surpreendente, o instrumento em questão — um violão maltratado mas ressonante – tinha apenas uma corda. Blotta encontrara com Brushy One-String, o filho de uma família musical que, independente da sua vida cheia de obstáculos, tinha a habilidade nata de inspirar e mover até mesmo os ouvintes casuais —incluindo milhões de pessoas que haviam assistido e compartilhado os vídeos de Brushy no YouTube.
“Se nós pudéssemos mudar as palavras e as melodias e trazer o amor de volta, nós poderemos ter um balanço entre Deus e o homem”, reflete Brushy. “É o que nós precisamos fazer para unir o mundo”.
A vida de Brushy não foi fácil: órfão muito novo, o pensativo cantor-compositor só aprendeu a ler quando já era adulto. Seu pai, o reverenciado cantor jamaicano de soul Freddy McKay, faleceu quando Brushy era ainda muito novo, mas sua mãe, Beverly Foster, cantava o tempo inteiro (ela participou de turnês como cantora de backup com artistas como Tina Turner). Brushy tentou tocar e cantar diversos estilos, incluindo tocar panelas na rua quando criança. Ele até tocou guitarra por um tempo quando jovem. “Eu não sabia exatamente como tocar, e eu tocava com muita força até que todas as cordas se romperam”, ele se lembra. “Então a guitarra foi pra baixo da cama”. Isto é, até que Brushy teve uma visão, um sonho em que lhe disseram para tocar um violão de uma corda só. Abalado, ele contou para alguns amigos – eles lhe zombaram, exceto um que insistiu que era seu destino e que ele deveria fazer esse sonho se tornar realidade. Em um dia, Brushy tinha criado seu single com o arranjo de uma acorda a partir de uma música popular na rádio. “No dia seguinte, eu peguei um grande chapéu e o óculos de sol e fui para o mercado, e comecei a cantar”, lembra-se o artista.
Era o início de uma trajetória musical que logo mostroy que o estilo inconvencional de tocar de Brushy não era mero truque. Citando Freddy Pendergrass e Shabba Ranks como grandes referências, o seu vibrante mix de influências e cheio de sons, and full sound—buoyed in part by the string’s pleasant buzz, Brushy’s array of percussive taps and knocks on the guitar’s body—made him utterly self-sufficient, in a scene where most performers long to be hip-hop MCs or dancehall style DJs. Brushy recounts a time when he turned derision for his peculiar instrument into applause, when the local government cut the power to a stage show. Brushy convinced the promoter to let him play, to keep the crowd there. Lit by a dozen flashlights, Brushy won the audience over—and played for more than an hour, even when the lights came back on in a blaze. (An evening that inspired, “One String Play”)
Embora talentoso, Brushy sofreu para atingiu o sucesso modesto. As músicas vinham pra ele de forma intuitiva, baseadas na vida ao seu redor. “As músicas vêm de situações que eu vivo”, como o faixa-título “Destiny”, que conta as histórias dos desafios de Brushy. “É como mágica: a partir da situação, eu não busco por mais nada, nem na minha cabeça ou em qualquer outro lugar. A música vem”. Depois de uma breve turnê incluindo shows no Japão, ele acabou retornando à sua cidade natal, Ochos Rios. E o destino atacou.
Blotta estava finalizando um compromisso com três jovens artistas emergentes na Jamaica, filmando suas vidas e retratando seus desafios para encontrar sucesso e reconhecimento, material que eventualmente se transformou no RiseUp, um documentário premiado. Mas lá estava Brushy: “Brushy estava sentado do lado de fora do estúdio com seu violão e ele perguntou se poderia tocar uma música pra mim”, diz Blotta. “Ele cantou ‘Chicken in the Corn’. Eu já estava quase acabando meu filme, e não poderia adicionar mais uma história nele. Mas eu filmei aquela música, que foi parar no documentário. E foi isso, eu fui embora. De volta aos EUA, eu percebi que aquele homem era incrível”. Blotta retornou à Jamaica, determinado a gravar mais sequências de Brushy. Ele conseguiu rastrear o músico, embora ele não tivesse ideia de como contactá-lo. Os dois se encontraram e, embora Blotta nunca tivesse representado um artista musical antes – sua expertise era relacionada ao cinema, onde ele já havia trabalhado com diretores como Spielberg, Soderbergh, e John Woo—, ele assumiu a tarefa.
Juntar as peças foi um grande desafio, mas Blotta assistiu os vídeos de Brushy com admiração – apresentações simples porém poderosas do músico performando suas músicas em sua cidade natal, ganhando sucesso após sucesso. Comentários, e-mails e ofertas choveram conforme as pessoas ao redor do mundo se conectavam com esse homem de uma corda que já fora anônimo.
Escutá-lo una única vez te faz entender a razão desse sucesso. Existe algo na voz calorosa e corajosa de Brushy, em suas palavras pensativas e seu gingado otimista, que atingem o coração e vem de algum lugar profundo: “Cantar as músicas que eu canto me faz formigar por dentro, porque eles vêm de dentro da alma. Eu estou cantando, minha voz está lá e meu violão está lá, mas minha mente, alma e corpo estão transcendendo”, diz Brushy. “É como se alguém estivesse falando através de mim.”